Sem (des)culpas!

Fui "mãe a tempo inteiro" e não me culpo! 
Sim, entre aspas porque isso não é considerado coisa nenhuma. Não é um posto, nem um emprego. É só um ato de amor desmedido, completamente desvalorizado.
Mas foi uma escolha minha e ninguém tem o direito de me culpar ou julgar.
A ti, Mãe que me lês e que escolheste este mesmo caminho. Tu que tens dúvidas, que estás bem e só muito cansada. Tu que choras escondida, não porque estás infeliz mas porque te sentes meia perdida. Tu que achas que falhas mesmo quando mais ninguém vê. Tu que te sentes sozinha neste ciclo repleto de questões muitas vezes sem resposta. Estou aqui:

Sei perfeitamente o que estás a sentir. Senti exatamente o mesmo. Senti quando me perdi neste percurso aos 12 meses. Quando me deixei esgotar por exigir demasiado de mim. Posteriormente quando senti que estavamos a ficar os dois saturados de estar em casa aos 19 meses e o inscrevi na creche, muito por impulso, mas também de forma consciente, apesar de ele só ter ido aos 2 anos e tal. E sim, também me culpei e fui culpada pelas pessoas minha volta, principalmente mães! Chatice não é? É preciso ter calo!

Ser Mãe a tempo inteiro não é fácil. É um trabalho 24h sem pausas, sem descanso, que não é reconhecido nem "recompensado" e por isso torna-se desgastante. É normal sentires-te assim! Mas não te deves culpar. Estás a dar o melhor ao teu filho, que é a possibilidade de estar sempre junto a ti.

No entanto,  chegamos a uma fase em que precisamos de algum tempo para nós. E não é fácil reconhecer-mos ou assumirmos isso. Muito menos somos capazes de deixar os filhos para cuidar de nós. É quase como se não merecessemos porque a opção de ficar com eles foi nossa. Mas que ideia é essa?!
Nós merecemos sim, muito! Pois se não o fizermos, se não estivermos bem connosco, como conseguiremos estar presentes de forma saudável para eles? Eu comecei a ir ao ginásio aos 6 meses dele e acabei por desistir. Não devia! Eu precisava muito disso, desse escape, de cuidar do corpo que eu deixara de gostar. E qualquer coisa me servia de desculpa para não ir. Fui-me abaixo, quando no fundo eu desperdicei um tempo que era merecidamente meu! Por isso Mãe, aconselho que o faças. Que o deixes por um bocadinho, o teu filho não vai culpar-te por isso. Antes pelo contrário, a seu tempo, irás sentir-te melhor para cuidar dele.

E se achares que eventualmente precisas de o deixar numa creche ou com alguém umas horas, fá-lo! Não há nada de errado nisso! Apontaram-me o dedo porque podia ter ficado com o meu por mais tempo. E fiquei! Muitas e muitas vezes. Mas nesses dias ninguém estava aqui para ver.  Afinal eu continuo a trabalhar em casa. Mas sabes que mais? Não me arrependo! Há um tempo para tudo e nós só fazemos o melhor pelos nossos filhos e pela nossa família. Ninguém deve culpar uma Mãe ou Pai que esteja saturado de choros e gritos. Que se zangue de vez em quando. Que volte atrás e encha o filho de beijos e lhe peça desculpa por, naquele dia, estar sem paciência. 

E se for necessário mudar o nosso percurso a meio, de forma diferente daquilo que idealizámos, não faz mal. Importa que nos sintamos bem para que o nossos filhos se sintam bem também.

Nenhum Pai ou Mãe é melhor ou pior quando apenas segue o seu instinto.
E hoje, das coisas que o meu filho mais repete é: "estou muito feliz"! E eu sou tão mais feliz pelas escolhas que fiz por e para ele.

Não queiram ser perfeitos, sejam só reais!

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