Endosister...

Os 5 dias que estive internada, foram os mais duros de sempre. Um derradeiro teste á minha paciência e aos meus limites. Só quebrei uma única vez e foi quando uma auxiliar me disse friamente "não lhe adianta de nada chorar", que me agarrei com todas as minhas forças ao objetivo que me levou até ali. Recordei o meu filho desde o dia do seu nascimento. Afinal parecia-me tudo tão semelhante, ainda que sem a presença dele. Mantive-me serena e conversei muito com a minha companheira de quarto. Uma miúda como eu, embora com batalhas tão diferentes, unimo-nos pela mesma doença. Diria que foi quase como um casamento, se não fossemos nós casadas com os nossos respetivos. Juntas na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que a alta do hospital nos separou. Rimos até nos doer (literalmente) a barriga. Chorámos sem vergonha perante o olhar impotente uma da outra. Fomos a força e o ombro amigo nas horas vazias em que o relógio teimava em não avançar. Todos os dias lhe falei do meu filho. E em todos esses ela me confidenciou a grande dificuldade em ter um. Compreendemos esta dor, de um jeito que mais ninguém á nossa volta, por muito que nos ame, conseguirá entender. Encontrámos uma irmã, eu nela, e creio que ela em mim. Uma espécie de "endosister" (irmã de endometriose). A prova disso é que hoje quando voltei a ser hospitalizada, ainda sem sequer saber, ela sentiu e procurou-me. Há coisas fantásticas não há? Com isto, aprendi mais uma vez, que a vida não leva nem traz ninguém para a nossa vida por mero acaso. Que devemos viver cada pessoa do nosso caminho com a intensidade que nos for permitida. Que ninguém é em vão. Pois quando não é para sempre, tem uma missão ou é lição. 💛

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