Aos enfermeiros: obrigada!

"Depois disto, ainda vos admiro mais", disse-lhe eu enquanto me limpava o rabinho, ou o "fofo" como ela lhe chamou! E eu que achava que já tinha visto de tudo. Sabia lá eu que aos 27 anos já iria precisar de quem me segurasse um braço para conseguir urinar ao mesmo tempo que sossegava os meus desassossegos.
"Já estou nisto há 20 anos e isto não é nada", disse-me com um ar tão jovem e assertivo. E eu invejei-a, pela firmeza nas palavras, a segurança nos gestos e a ternura no olhar. Mesmo que antes dela, já tivessem passado por mim umas dez. Mesmo que pela minha vida fora, já me tenha cruzado com muitas outras. As enfermeiras são mesmo do caraças! Por mais que tantas vezes me tenham indignado e parecido tão injustas. (Desculpem!) Culpa das memórias menos boas de infância e mais tarde as de parto. Mas caramba, há enfermeiras e enfermeiras. E neste preciso momento só estou capaz de lembrar e louvar, destas que têm cuidado de mim. É preciso muito amor á profissão para se cuidar de um corpo preso a uma cama. Limpá-lo com delicadeza ao mesmo tempo que se lava a alma. É preciso saber cuidar para que não se percam vidas. É necessário estofo para se dar ânimo aos dias ruins. E as enfermeiras não dão só picas e fazem "maldades", também contam histórias, riem, fazem caretas e se for preciso choram connosco, mesmo que sem as vermos. Elas desdobram-se em pedidos e campainhas ensudecedoras a todo o segundo. Elas estão sempre lá e pedem desculpa pela demora. Elas dizem-nos sempre o que fazer e não largam a nossa mão. As enfermeiras são duras! Têm um estômago de ferro e um coração de pedra. Ainda que sejam feitas de doce e manteiga. A culpa é sempre delas! Quando dói e quando deixa de doer. As enfermeiras têm um andar confiante e fazem-nos saber que estão a chegar. E desabamos sem medo no colo delas, sempre que estamos onde não queríamos estar.
Ás enfermeiras que se cruzaram no meu caminho, e a todas as outras (enfermeiros também): OBRIGADA!

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