Quando eu estiver aborrecido e sem saber o que dizer, falem-me baixinho e expliquem-me o que fazer.
Se eu só conseguir gritar, não tentem falar um tom acima do meu. Fiquem só ao meu lado, até eu sossegar.
Quando me sentirem em negação, entendam que eu percebi, só não soube aceitar o vosso "não'. Fiquem aqui, dêm-me a mão!
E se eu vos pedir a meio da noite o leitinho, desculpem fazer-vos levantar, entendam que na verdade, eu só preciso do vosso carinho.
Mesmo quando vos faltar a paciência para me ouvir chorar, lembrem-se que esta ainda é a minha forma de comunicar.
Ainda que no final do dia estejam cansados, podem ter a certeza que eu não troco a vossa companhia nem por rebuçados.
Por isso, quando eu vos chamar para brincar, o jantar pode esperar!
Se eu lutar para adormecer, embalem-me até eu querer. E contem-me histórias, mesmo quando não vos apetecer.
Abraçem-me quando eu menos merecer, pensem que eu ainda estou a crescer.
Não se zanguem com palmadas, eu fico mais calmo com as vossas gargalhadas.
E não descarreguem em mim sempre que o vosso dia for uma treta, saibam que nem tudo se resolve com uma chupeta.
Deixem-me crescer devagar, fiquem aqui, agora, daqui a uns tempos eu já não me vou lembrar.
Não se importem se eu cair, deixem-me sujar e descobrir.
Larguem o telemóvel um segundo, lembram-se de me dizer que teríamos todo o tempo do Mundo?!
Usem-no mais para me fotografar, levem-me a sítios para explorar, é dessas memórias que eu me vou recordar.
Então descompliquem, deixem-me ser pequenino por agora, mesmo que saibam que serei sempre vosso filho, pela vida fora...
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