Estimados vizinhos, desculpem!

Estimados vizinhos, peço desculpa!
Tenho perfeita consciência de que temos vindo a perturbar o vosso silêncio.
Lamento muito, mas a culpa é do meu filho. Trata-se de uma criança normal, saudável e barulhenta até dizer chega.
Ele só tem três anos e nunca se cansa de correr. Já tentámos tirar-lhe as pilhas, mas compramos daquelas em saldo e não resulta, dêm-lhe um desconto! Quando ele grita como se o mundo fosse acabar, na realidade ele só não quer tomar banho ou vestir-se. Calma, não o espancamos como parece. E sim, é mimado p'ra caraças, ainda o carregamos muito tempo ao colo, é tratado com todo o carinho e é tão cheio de amor, que chega a ser chato de tão meloso e beijoqueiro. Ah, mas quando eu falo mais alto, é porque também sou humana e a minha paciência tem limites. Na verdade, a maioria das vezes estou só a tentar que o pai me consiga ouvir no meio de uma birra. Ou no meio das nossas, um com o outro. Cenas de casal pelas quais só nós passamos já sabemos. Por isso, quando nos virem descabelados, trombudos e a combater uma guerra á porta de casa só porque o miúdo queria passear mais umas horas, mesmo que esteja estourado e a cair para o lado tanto quanto nós, escusam de fazer essas caras enjoadas! Porque das duas uma, ou os vossos filhos são "anormais", ou não os têm! E quando estiverem assim mesmo muito incomodados, podem vir cá tocar á campainha e dar-nos uma mão!
Podemos parecer meios maluquinhos, mas somos só Pais!!!
E escusam de dizer que não têm que levar com os filhos dos outros, porque também levamos com os xixis e cocós dos vossos gatinhos no nosso jardim e não nos queixamos.

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