Todo o cuidado é pouco!

Há situções que não são tão bonitas de se contar, mas a verdade é que não acontecem só aos outros. E eu precisava de o registar, para talvez mais logo, amanhã ou daqui por uma semana, (agora que passou) talvez rir-me disto, quem sabe.
Ontem aprendi três lições de uma só vez. A primeira, é que quando temos um dia bom em familía, tranquilo e em "paz",(disse-o ontem de manhã e devia ter estado calada) não devemos cantar de galo e muito menos contar a todos. Isto é quase como quando um bebé dorme a noite toda, deve ficar no segredo dos Deuses, não podemos contar para ninguém! Porque algures no Mundo, deve haver umas alminhas quaisquer, roídas de inveja e a rogar-nos pragas a torto e a direito. (Juro que ás vezes quase acredito nisto).
Depois disso tivémos tudo menos tranquilidade. A começar pelas neuras do L logo ao acordar e pela manhã fora. Até aqui nada de novo, faz parte. Não fosse Ele ter-se lembrado de "sair" de casa!! Morri 5 vezes em 5 segundos. Porque deve ter sido esse o tempo em que num instante estava comigo na cozinha e no instante seguinte sumiu. Pensei ter ido a correr para a sala, agora passa o tempo nisto, correr, correr, correr.
Não sei o quão rápido, num milésimo de segundo, senti sei lá o quê, olho para trás e vejo a claridade na entrada de casa e um "papááá" mais longe que o habitual.
Eu não estava na varanda a apanhar sol, não estava no sofá a ver tv, não estava ao telefone na galhofa. Estava a fazer a sopa dele!! Porque de muitas coisas que em casa até podem esperar, a comida dele, é daquelas que não espera nem pode faltar. E tantas vezes o faço e lá anda ele a brincar para trás e para a frente e eu sempre a pôr um olho. Tem 2 anos, não o posso "prender" sempre que preciso de fazer algo.
Isto nunca tinha acontecido! E só veio lembrar-me do quanto num dia ele mede 50cm e no seguinte está quase do meu tamanho. (também não é difícil)
E na realidade, não aconteceu nada! Ele só teve tempo de dar um passo e apanhei-o. Mas foi nesse instante que o meu coração de Mãe parou e me passaram pela cabeça todos os acidentes possíveis, ainda que dentro do prédio, ainda que Eu ali ao lado, tão perto. É assim que crianças se magoam a sério, é assim que crianças morrem, num segundo, numa "distração", num confiar de que não vão sair dali, de que nada acontece. Aprendi que Ele está sem dúvida a crescer, em tamanho e na sua forma de explorar o Mundo ao seu redor. Ela sabia o que estava a fazer, mesmo na sua inocência de bebé. E eu agora sei, que aquela porta passa a estar sempre trancada, seja a que horas for.
Logo a seguir, já com o "papááá" em casa, ainda com as pernas a tremer, mas já com o fôlego recuperado, fiz o favor de tornar o dia ainda mais duro. A passar a dita sopa, ainda a escaldar, queimei uma mão, com toda a fervura! Chorei, chorei muito, não sei por quanto tempo. Pelas dores é certo, mas porque ainda estava entalada de tamanho susto. Foi castigo! Pensei eu.
Não foi! Ninguém me pode recriminar, muito menos eu mesma. São coisas que não devem acontecer, mas acontecem sim, a todos! Falhar está nos genes de todas as Mães e assumi-lo também deveria estar. Não somos Pais perfeitos e estamos sempre a aprender que há muito se diz, e é bem verdade que, "todo o cuidado é pouco"!

Já passou, está tudo bem, lições aprendidas!

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