Levei duas chapadas num só dia!

Parar cinco minutos por dia, pode ser o tempo suficiente para observar o que se passa á nossa volta.
Enquanto eu me passava com o meu filho que não queria comer, depois de birras e mais birras durante toda a manhã, fiquei emocionada com o que acontecia mesmo ao nosso lado.
Uma filha de meia idade, transportava os seus pais idosos. A Mãe numa cadeira de rodas a fazer oxigenoterapia, ligada a um concentrador, o Pai levado pela mão, com mobilidade reduzida. E aquela filha com um sorriso rasgado, a enchê-los de carinho, a confortá-los no melhor recanto da sala, com a mais bela vista e o maior conforto. E ali ficaram, ora á conversa, ora em silêncio. A saborear a companhia uns dos outros. Mais tarde, lá andavam novamente de mão dada á volta da piscina. E a Mãe, tão bonita e até maquilhada, ficava á sombra a namorá-los, imagino, sei lá, que com mil e um pensamentos e memórias.
Á noite, quando jantávamos, apareceu-nos de repente um menino, de apenas 2 anos e meio. Todo sujo, com um sorriso doce, olhar inocente. Ouvíamos atentamente, mesmo que sem querer, que aquele menino tinha sido abandonado pela Mãe, com pouco mais de 1 ano. Contava o Pai, enquanto relatava orgulhosamente, ainda que tentando manter a autoridade á mesa sobre o filho, tudo aquilo que a sua cria já fazia sozinho. Mas que felicidade a daquele Pai em poder contar e demonstrar que todas as capacidades daquele pequeno ser, eram ensinadas por si. Dizia Ele que sempre que vinha de casa da Mãe, ou estava doente, ou maltratado e com evidências de falta de higiene. E nós ali, a ouvir, a trocar olhares, com um nó na garganta e sem diálogo possível.
"Porque é que o bebé está a chorar" perguntava ao Pai e lá vinha parar á nossa mesa.
Não conseguimos vir embora sem que o Dudu lhe desse um dos seus carrinhos. É um mãos-largas, o sorriso do nosso ao dar e a alegria do outro ao receber, não tem descrição! Para o nosso filho era só mais um brinquedo, para aquele menino, foi certamente a felicidade dos dias seguintes. "Papá, o menino deu um popócarro".

Hoje o meu filho está a ter umas férias fabulosas. Mesmo que não saiba e ainda que não tenha que dar valor. Podia ter ficado com alguém ou noutro lugar, sem nós! (que não ficava!!). Não é que isto faça de nós, melhores ou piores Pais. Mas eu só desejo estar a fazer um bom trabalho enquanto Mãe, em tudo, para que um dia Ele me saiba retribuir. E mesmo que eu falhe muitas vezes, (e vou falhar!!) gostava que Ele nunca largasse a minha mão nem deixasse de me mimar, tanto quanto eu a Ele! Gostava que quando nós precisarmos, Ele nos saiba e queira dar colo, sem que seja uma obrigação, sem que sejamos uma "carga de trabalho".
Que seja (só) pelo mesmo Amor que lhe temos!

Aquela filha e aquele Pai, fizeram-nos pensar que a vida encarrega-se de nos dar lições todos os dias... E que somos realmente afortunados e abençoados em tudo!

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