E é, amar-te assim, perdidamente!

"Está tão crescido!"
Não imaginas Du, as vezes que tenho ouvido isto ultimamente! Andava a querer enganar-me a mim própria. A fazer de conta que depois dos 24 meses, depois da contagem decrescente para os famosos "terríveis 2 anos", começaria a contagem para te tornares num rapazinho, o meu pequeno homenzinho, o meu menino grande (mesmo que ainda e para sempre o meu bebé). A pouco e pouco, a cada dia, sinto que há algo de novo em ti. A cada instante, e têm sido tantas mas tantas as horas a teu lado, reconheço-me como Mãe. Porque esta parte de mim, nasceu no mesmo dia que tu. Tenho aprendido tão mais nestes últimos 2 anos (+ 9 meses), do que em toda a minha vida!
Sei que nunca ninguém vai tomar tão bem conta de ti como eu. Só eu como tua Mãe conheço tão bem todos os teus gostos, as tuas escolhas e até as manias. E foi por todo este tempo de ti e de mim, de aprendizagem juntos, que agora vou encontrando esta serenidade que me faltava.
Apesar de estares numa fase de negação, é "não" para tudo e a toda a hora, e com isto, trazes para os nossos dias, um kit completo de birras! Sei que nesta altura me vão dizer ainda mais, que a creche é que te vai fazer bem. Não posso concordar nem discordar. Não tenho (ainda) conhecimento de causa. Embora muitas vezes eu própria o diga, mas é porque em momentos de frustração, de exaustão, em que não tenho mais para onde te "mandar", digo que é lá que vais parar. Como se de um local de castigo se tratasse. E depois arrependo-me! Irás sim, no nosso tempo certo, mas por outros motivos que não as tuas birras ou "nãos" constantes e persistentes. Porque neste momento, em que tanto está tudo bem como no minuto seguinte parece que o teu Mundo desabou, é de mim que tu precisas, do meu amor, do meu abraço, da minha compreensão.
E muito tenho aprendido também do que observo, do que ouço, do que leio, do que experimento. Mas cheguei a este meu tempo de Mãe. E está tudo bem assim! Recordo-me, agora que sei que nada volta atrás e vejo que cresces sem parar, de tantas vezes que não contive um ou outro berro, dos momentos em que me passei, do choro desesperado a que me entreguei depois das sacudidelas de moscas que (muito raras vezes) te dei, das vezes que contei até mil só para não ter que o fazer, das palavras zangadas que atirei ao ar. Aceitei-te como és, aceitei-me como a Mãe que sou. Percebi que naqueles minutos ou dias de neura, só precisas do meu amor. Porque também eu tenho dias assim! E também eu, preciso de amor, de colo, do tempo e da atenção de quem gosto, de compreensão, de um abraço acolhedor.

Também tenho ouvido Tu deixa-lo fazer tudo o que quer! Não, não deixo! Eu apenas permito que Ele cresça, explore, descubra,  aprenda, com o bom e o menos bom. Com os meus limites de Mãe, que serão sempre diferentes dos de uma Educadora, dos Avós, dos Tios, de quem quer que seja, até mesmo do Pai.

E é claro que vou ralhar sempre que for preciso, que não vou querer ceder a birras. Vou só tentar contornar sempre da melhor forma e saber levá-lo. E também mimá-lo muito sim, porque se há outra coisa que ultimamente aprendi, é que devemos viver o "agora", antes que de repente tudo tenha um fim!

Mesmo que daqui a pouco Ele faça a maior birra de sempre e eu me arrependa de ter escrito isto, espero lembrar-me de vir aqui ler, que é mesmo por isto. Que é quando tudo fica de pernas para o ar, o meu coração acelera e as minhas mãos tremem, que eu sei que continuo a amá-lo exatamente assim, perdidamente!

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