(ainda) Não sou capaz!

Já me têm dito que está na altura de o deixar. Que devo ir afastando-me dele. Perguntam-me se não acho que estou a precisar de me cuidar e ter mais tempo para mim. Questionam-se como é que aguento este estilo de vida.
E é claro que eu penso nisso. Já houve imensas alturas em que quase implorei por uns minutos de sossego. Há dias que acho que já não o posso ouvir, que dava tudo por um momento de silêncio. Por mais que adore ouvi-lo naquela melodia doce especial a chamar mamã, por vezes é tão persistente, que sem querer até cansa. Ás vezes tenho tanto por fazer, que não sei por onde começar. E lá vem Ele tropeçar nas minhas pernas. E acho que se tivesse com quem o deixar por umas horas, até despachava tudo aquilo num instante e pronto. Tem alturas, que no meio das birras, dos gritos, das coisas que atira pelo ar, apetece-me mandá-lo até a Lua, e esperar que volte mais calmo.
Mas é o meu filho! E é meu, tão meu, não há nada que me pertença mais, do que Ele. E eu não consigo! Ainda não sou capaz de o deixar ficar sem mim, com quem quer que seja.
Até hoje, nunca passámos uma única noite, nem um único dia, longe um do outro. Não é que eu não precisasse. Não é que talvez me fosse fazer bem. Sim, só a mim. Porque um bebé, enquanto o for, e mesmo quando deixar de o ser, precisa sempre da Mãe.
Não posso criticar os pais que deixam os seus filhos aos encargo de outros. Seja por que razão for. Aliás, eu admiro-os, porque eu ainda não tive essa coragem. São tão raras as vezes em que o deixo por meia hora que seja com a Avó ou até mesmo com o Pai, e estou logo a ligar para saber como é que Ele ficou. E torno-me, nessas alturas, numa Mãe insegura a sentir que o "abandonei", por melhor que Ele esteja. 

Acho que ainda estamos ligados pelo mesmo cordão umbilical que nos uniu durante 9 meses. 

Sei que um dia, por alguma razão que me "obrigue" a isso, vou ter que o fazer. E sei que ninguém vai ter que mo dizer, porque eu saberei. As Mães sabem sempre! Também sei que me vai custar horrores, que me sentirei a pior Mãe do Mundo (mais uma vez).
Só que para mim, ainda não chegou o momento certo. Continuo a querer os inicios de noite no sofá, com biberons á meia-noite, ao invés das baladas até de madrugada. Prefiro acordar cansada por me ter levantado tantas vezes de noite, do que dançar até mais não.
Por mais que Ele deteste piscina e não vá muito á bola com praia, as nossas férias são muito divertidas na companhia dele.
Reconheço que eu e o Pai, muitas vezes nos esquecemos de que precisamos, (além de Pais, melhores amigos, uma equipa nesta maratona) de continuar a ser namorados. A ir ao cinema, á discoteca, viajar, estar sós. E nisto estamos de acordo, ainda não sentimos realmente essa necessidade. Pode ser mais por mim, pela minha vontade. E isso nem eu sei explicar. Mas entendemo-nos, porque nisto só Ele me compreenderá.
Mas mesmo que os dias, por vezes, me pareçam todo iguas, na realidade são todos diferentes.
O meu filho virou a minha vida do avesso, mas eu prefiro continuar assim, de pernas para o ar, com tudo meio descontrolado, exausta, mas sempre ao lado dele!

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