O dia da Mãe que idealizei...

Não foi de todo o dia da Mãe que eu idealizei para hoje. Tudo o que podia correr mal, efetivamente correu. E a culpa foi minha! Começo a desgostar destes dias "especiais" em que tudo á nossa volta parece obrigar-nos a criar as melhores expetativas! Sou Mãe todos os dias, a tempo inteiro, 24h sem descanso. Não precisava que esta data existisse para que todos os planos me saíssem furados. Idealizei um dia bonito, com fotos maravilhosas, momentos únicos que iria relembrar pelo menos até a este dia do próximo ano, boa disposição... Só que não! Tinha uma ideia de que o dia iria ser um tanto ou quanto nostálgico. Uma das partes que me completa como Mãe, o Pai, ausentou-se por motivos de força maior. Por mais que me custe devo admitir que tudo faria para o demover da partida neste dia. Precisava dele comigo, porque eu não seria a Mãe se Ele não fosse o Pai. Tenho em sufoco o abraço que rejeitei, por mais que me pudesse arrepender. Não por ter o colo cheio daquela outra parte que me preenche, mas porque iria desabar naquele momento e preferi evitar. Ele está sempre aqui, e em parte era inevitável deixar de ir. Mas hoje era o dia em que eu não queria andar na rua a parecer uma Mãe "solteira". Não que me importe que o fossem pensar mas porque foi o que eu senti. Fora isso, houve birras descomunais pela manhã fora, palavras ditas para o ar sem pensar, um dedo a sangrar (meu), uma cara de chupeta na boca estatelada no chão, choros sem fim, o caos instalado. Talvez a frase que mais ouvi de mim mesma tenha sido "por favor, colabora!". Achei que estava tudo contra mim. Que devo ser mesmo muito má Mãe. Acreditei, só por breves momentos, em tudo o que é bruxarias e afins, coisas que tinha desacreditado faz algum tempo. Tinha compromissos do blogue para cumprir. E todo o Universo me virava as costas. Tive todas as certezas de que a minha tensão recai sempre sobre a minha maior fraqueza, o meu filho. Dependia de mim o poder de me acalmar ou deixar que tudo se descontrolasse ainda mais. Já só queria voltar a enfiar a cabeça na almofada e fingir que eu não existia.
Ainda assim, tive todo o tempo do Mundo para celebrar o tão desejado dia, em horas habituais na cozinha, e ter tudo pronto a tempo e horas. Juro que me levantei tão bem-disposta e cheia de sonhos, e esbardalhei-me pelo dia fora. O cabelo não tinha jeito, estava com uma cara medonha, nada parecia assentar bem. Mas disso, de mal o menos. De nó no estômago, aperto no coração e a desejar que o "raio" do dia chegasse ao fim, voltei a respirar, a dar a volta, a sorrir, afinal nada nem ninguém hoje, podia ser mais teimoso nem mais feliz do que eu! Tenho tudo o que poderia desejar. Tive miminhos tão bons. Sou sortuda até. E, no final do dia, esbarrei no livro que o meu marido e o meu filho me ofereceram, onde li isto:" ...para as Mães. Para lhes lembrar (com muito jeitinho) que elas não têm (mesmo) de ser perfeitas. Podem arriscar e errar um pouco mais. E ainda assim - fiquem descansadas - nunca andarão muito longe da perfeição".
Concluí que na verdade não tive um dia assim tão ruim. Fui apenas uma Mãe real num dia menos perfeito!

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