Ultimamente, depois de o considerarem uma menina, quando percebem que é um menino, e que tem quase 2 anos, surge a mais badalada questão: "Então e uma mana, é para quando?!" ou "Tens que pedir uma mana aos Papás" e ainda "Deviam começar a pensar nisso!"
E temos pensado, muito, mas muito mais do que alguma vez sequer supus. Até há relativamente pouco tempo, não havia qualquer margem para esse assunto, era não e não mesmo. Estávamos de acordo, enquanto casal e como Pais de um filho único.
Não sabia como explicar que após uma gravidez tão dolorosa, uma transformação imensa no meu corpo e o ser Mãe pela primeira vez, não havia lugar para pensar sequer na hipótese de ter outro. Sentia-me como que enganada, não era assim que me tinham pintado a Maternidade. Não me via a recuperar tão cedo, nem a nível físico nem emocional. Era avassaladora, a forma como tudo tinha mudado, a forma como passei a ver-me, a pessoa em que me tornei! Muitos nos diziam que ainda era cedo, que ao fim de algum tempo, quando vissemos o nosso bebé a crescer tão rápido, logo desejaríamos ter outro. E tinham muita razão nisso!
É um click automático, numa altura qualquer, sem razão nenhuma. Passamos a ver as coisas com outra perspetiva. Adquirimos novas crenças e a cada dia rezamos mais, agradecemos pelo tanto que temos e por nada nos faltar.
Ser Pais tem-nos tornado pessoas melhores, mais sensíveis, mais conscientes, mais preocupados, mais empenhados em fazer o bem, mais humanos! Não podemos falhar, não lhe podemos faltar. Sabemos que todos os nossos atos vão recair sobre o nosso filho. E vamos com mais calma, ponderação, muitas vezes a medo, mas sempre convictos de que estamos no rumo certo.
Os filhos são a nossa concretização pessoal, são sonhos tornados realidade. Não há nada que se sobreponha a eles, a este amor incondicional sem explicação possível.
E eu vou sempre defender que são os filhos que nos escolhem, que nos tornam Pais, que trazem consigo uma missão e nos ensinam sempre mais do que nós a Eles.
Hoje sei, que as prioridades mudam num estalar de dedos, consoante a necessidade e a experiência. Que o corpo transforma-se as vezes necessárias, por mais que a nós Mães, nos pareça demorar demasiado tempo. Que as carreiras constroem-se de novo, podemos mudar de emprego a cada ano se for preciso. Que a nossa vida se adapta aos nossos filhos, sempre, sem desculpas!
Sabemos que há quem diga que "há sempre lugar na mesa para mais um", "onde se cria um, criam-se dois"... Nós defendemos por muito tempo que se não fosse para dar tudo do melhor então não o teríamos, podíamos esperar.
A verdade é que está tudo nas mãos de Deus, e em tudo aquilo em que acreditamos.
E se nos estiver destinado outro filho, porque o destino existe e nós somos a prova viva disso, pois que seja. Só nunca será porque os outros o dizem, ou porque os outros os têm. Sabemos que não será quando (e se) o planearmos, mas no tempo certo, se o merecermos, se estiver traçado no nosso caminho!
Como Mãe, faria tudo de novo! Encaro um segundo filho como uma segunda oportunidade, não para fazer diferente, mas melhor. Sem dividir o colo, o tempo, os beijos, os abraços, apenas multiplicar amor.
O pensar ou até mesmo o querer, não revela que possa efetivamente acontecer. Pode permanecer no coração e fugir com a razão.
O que nos impede?! Tudo aquilo que nos impedia de ter o L tão cedo, mas tivémos. Tudo aquilo de que poderíamos abdicar, mas abdicámos. E tudo se fez, tão melhor do que imaginámos.
Porque na realidade, ás vezes não é só a questão financeira, são os medos que disparam sobre nós em todos os sentidos. E agora que sentimos tudo isto á flor da pele, mais ainda!
Sei que poderemos ser mais felizes com dois, mas tenho a certeza de que não seremos menos felizes por ter apenas um!
Também sei que nada tem ficado por fazer, porque os filhos crescem, de forma tão veloz, sabemos bem! E um dia saltam do nosso colo, talvez o único que teremos, talvez dois e ao mesmo tempo, e ficamos nós, outra vez sós, com todo o tempo do Mundo para continuarmos a viver!
Não sei se ficaremos por este tom de várias cores e sabores que nos apaixona, se conheceremos outros tons de azul ou até um Mundo cor-de-rosa.
Um dia saberemos, quem sabe?!
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