Pareces uma garota de 20 anos...

"Pareces uma garota de 20 anos" disse-me Ele hoje! E não foi no sentido pejorativo da coisa. Disse-o porque coloquei uma fita no cabelo e calcei uns ténis novos. Não é coisa minha. De facto depois que fui Mãe adotei um estilo diferente, visto-me como "tal". Não ligo a luxos. Gosto de sentir-me bem, apenas. É só pela questão de ser e estar, ou tentar, sempre mais prática e confortável! Mas Ele não sabe o impacto que aquelas palavras tiveram para mim. Talvez por ter sido hoje. Talvez ontem ou amanhã não tivesse sequer feito eco na minha cabeça. Por momentos recuei no tempo e percebi o quanto eu mudei desde os meus 20 anos. Não passou muito tempo na realidade. Mas tanta coisa aconteceu na minha vida. E quando achava que com todas as experiências, já tinha amadurecido tudo por uns tempos, pimba, tornei-me Mãe! E agora sei o que são dias verdadeiramente ruins em que só quero desaparecer. Sei o que é faltar-me a paciência e tolerância quando mais preciso. Sei o quanto a privação de sono nos pode "tramar". Faltam-me as forças muitas vezes, a vontade disto ou daquilo, a energia e pilha duracell desse tempo. Gostava de poder chorar tudo de uma vez quando preciso, berrar para dentro de qualquer coisa e pronto. E não ter mais que o fazer. Não queria já ter aprendido que descarrego o meu cansaço quando e em quem não devo.
Como era tudo tão mais fácil há uns anos, ainda que eu achasse que não. Tinha tantos amigos, de "copos", de festas, de abanar o capacete, de horas á conversa sem horários. Estava sempre pronta para outra. Estavam todos lá, até eu ser Mãe. O tanto que eu já vivi e aprendi depois disso. Hoje não mais procuro quem não me procura. Não estou com quem não quiser estar comigo, ou connosco. Quem me convida, sabe que o meu filho vai comigo, e aceita, e espera, mesmo que eu me atrase. E mesmo que não houvesse mais ninguém, agora nunca estou só!
Eu gosto de dar e não espero algo em troca. Dou principalmente em gestos, carinho e abraços sinceros. Mas também tenho alturas de merda. E sou eu que preciso  daqueles a quem dou. Não tenho mais 20 anos. Adoro celebrar aniversários. Não acredito que isso vá mudar. Sou bem resolvida com aquilo que carrego na alma e no coração. No corpo nem tanto, mas lá chegarei. Cuido do meu filho, do Pai dele, da minha família. Eles estão sempre em primeiro. E só depois Eu. E isso é das poucas coisas que pode ainda mudar. Mas ainda tenho tempo. No entanto, sinto-me cansada, desgastada e a "envelhecer" em alguns aspetos. Não sabia o quanto a minha vida mudaria a cada ano. O quanto a maternidade exigiria de mim. Vou descobrindo que sou Eu quem precisa mais do meu filho do que Ele de mim. É tão independente! Eu também o era. Agora dependo tanto dele... Há momentos em que quero desistir. Mas isto, não é um jogo, um part time nem um namoro passageiro. É a vida que eu escolhi. Podia ter sido aos 30 ou 40 anos. Foi quando Deus quis. Não peço opinião. Tento não me auto-criticar tanto. Tento julgar menos os outros. Aprendo a gerir erros, desilusões, ansiedade, obstáculos, palavras e gestos negativos e muitas vezes o coração apertado de Mãe. Questiono menos. Observo mais. Tenho tanto de bom nos meus dias.  E hoje, não quereria voltar a ter 20 anos por nada deste Mundo!