Marcas de Amor!

Quem me conhece, sabe que há muitos anos, desde criança, que luto com o meu corpo, com a minha condição física.

Sempre achei que bebés e crianças gordinhas q.b, tornam-se ainda mais fofas. Mas quando nos tornamos adolescentes, a coisa muda de figura.
Nunca me vou esquecer de quando tinha uns 11 anos, roçava o patamar da obesidade e um dia na escola me perguntaram se estava grávida! Morri de vergonha, não quis mais pertencer áquele corpo, fiz o pino e todas as acrobacias e asneiras possíveis para a idade, mas perdi uns 10kg de forma radical.
Fiz tudo para me manter nesse peso ideal e mantive, por alguns anos.
Quando conheci o mundo "fit", tornei-me fã de ginásios, era um fascínio.

Depois engravidei, estava preparada para muita coisa, menos para me ver engordar 22kg de forma meio descontrolada! Muitos diziam-me que era a idade ideal para depois voltar á forma, que seria fácil, num instante ficava ainda melhor que antes.

Fui Mãe e amamentei por pouco tempo. É sabido que este é um fator importante na recuperação pós-parto. Perdi peso, voltei a ganhá-lo, hormonas alteradas, metabolismo lento, cansaço, entrei em paranóia! Desde alimentação rigorosa, cardio em jejum, ginásio e afins. Eu prometi a mim mesma que no dia em que fizésse 1 ano do meu último dia de gravidez, teria perdido todo aquele peso. E consegui! Mas depois fiquei doente. Quebrei física e emocionalmente. Vi-me no pior dos cenários. Caí, levantei-me, respirei fundo muitas vezes e tomei outra atitude.

Deixei o ginásio. Permiti-me a comer de forma mais equilibrada sem tantas restrições. Dediquei-me á minha maior prioridade, o meu filho!

Eu queria o meu corpo de volta. Mas também queria e precisava de uma mente sã! Exigi demasiado de mim, não era o tempo certo. Levei-me ao limite.

O meu marido sempre disse que gostava de mim assim, sempre me fez sentir bem. Eu é que me fazia sentir mal comigo mesma, com uma ideia formatada na minha cabeça.

Afinal foi Ele que assistiu de perto á transformação do meu corpo durante 9 meses, foi Ele que me viu lutar para perder aqueles 22 kg num ano. Foi Ele que sempre me incentivou a treinar e me apoiou a ficar em casa quando estava demasiado cansada. Foi Ele que me acompanhou na alimentação e foi também Ele que me trouxe chocolates quando eu precisava, o corpo pedia e eu merecia.
E por isso, eu ainda acredito nele!

Hoje reconheço que tive pressa. Afinal, porquê? Para quem?!

O meu filho vai gostar de mim quer eu tenha mais ou menos peso, mais ou menos rugas, mais ou menos cabelos brancos. Eu sei que vai! Ele gosta é do meu cheiro, do meu colo, da minha presença, de tocar na minha pele, do meu riso, de mim como Mãe. E não é o meu corpo que me define como melhor ou pior.

É claro que eu também quero gostar do que vejo, mas há-de chegar esse tempo. Este corpo, este coração mais acelerado, este peito menos firme, este abdominal ainda deformado, inconstante e meio flácido com estrias e "cicatrizes", geraram e carregaram uma outra vida. E não foi assim há tanto tempo. O meu filho ainda é um bebé. O tempo vai passar e Ele não pára de crescer. O meu tempo ainda é dele. Vou cuidando de mim, na medida do possível. Por enquanto, o corpo ainda pode esperar. E por mais que ás vezes me questione, tenho que estar bem com isso, com as minhas escolhas. E estou!

Não quero saber como me vão olhar, quem julgar a minha aparência, não me conhece, não sabe a minha história...

Nos meus piores dias, quero lembrar-me que nesta imagem não está aquela barriga que tantas vezes detesto, estão só muitas marcas de amor!


Comentários

  1. Admiro muito a tua força. Nunca te disse mas és uma grande lutadora. Beijinhos aos dois

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