E se eu trabalhasse...

E se contrariamente a tudo o que sou e tenho agora, eu tivesse um emprego?
Muitas são as vezes em que me questiono sobre isto. Penso se terei tomado a decisão certa ao ser Mãe a tempo inteiro por tempo indeterminado. 
Se tivesse um emprego agora, sentir-me-ia mais realizada? Mais útil? Estaria mais feliz?
Na verdade eu não escolhi ser "apenas" Mãe. Tudo aconteceu naturalmente. E eu segui esse caminho que fui acreditando ser o meu, com todas as diretrizes e sinais que a vida me deu.

Vou-me deparando com as mais diversas observações quando me perguntam a minha idade e profissão. Foram muitas as vezes em que me retraí, achei que iam olhar para mim com menos valor. Talvez pensem que não quero trabalhar porque estar em casa sem fazer nada é bem melhor. Seria sim se eu estivesse sozinha, sem compromissos nem obrigações e tudo a cair-me do céu e de "mão beijada". Não é o caso. Há dias, aquando dessa questão, e por já me ter debatido com as principais diferenças entre o que sou e aquilo que me consideram (doméstica) respondi com orgulho, com a verdade "sou Mãe a tempo inteiro", e soou-me tão bem! A pessoa sorriu-me, não me atribuiu o rótulo habitual, e senti-me ainda melhor. Independentemente do que possa lá ter escrito na minha inscrição.

Se tivesse um emprego, teria mais dinheiro e isso é ponto assente. Podia ter outros luxos, outros interesses, lazer, vestir-me melhor, ir de férias, comprar o que quisesse. Podia ter pausas, folgas, ser mais independente, deixar o meu filho na creche. 
Podia ter coisas minhas, sem achar muitas vezes que estou em dívida para com o meu marido. A realidade é que ele trabalha para nós e em parte, eu trabalho para ele. Quando cuido da casa, das coisas dele, de mim como Mulher dele, do nosso filho. Porque somos uma equipa em tudo e não nos cobramos em nada!
Se eu trabalhasse fora de casa, teria horas para sair e nem sempre para chegar. Talvez não conseguisse ir levar e buscar o meu filho á escola todos os dias. Acredito que fosse aquele corre-corre que as outras Mães descrevem. Teria mais bens e mais reconhecimento. Não seria menos Mãe, mas também não seria esta Mãe que sou! 

Nem todos os dias são bons e radiantes. Mas até nos dias de chuva eu dou graças. Por na maior parte das vezes nem termos que sair. Por ficarmos á janela a ver os carros e os comboios. Por podermos de vez em quando passar o dia em pijama, e como eu adoro vê-lo de babygrow. 

Nada no Mundo pagaria o privilégio de o ver adormecer e acordar, de lhe trocar todas as fraldas, de cozinhar tudo o que Ele come, de brincarmos sem pressas pela casa fora, de nos abraçarmos vezes sem conta durante o dia, de rirmos e chorarmos juntos por todas as razões e mais algumas.

Se eu trabalhasse, não teria todos os dedos e culpas apontados a mim. Não seria responsável por tudo o que Ele é, faz, ou tem. Mas sou, e tenho muito orgulho nele! 

Nem sempre sei a sorte que tenho, por mais exaustivo que seja. Mas ainda hoje, mesmo desejando ter mais, não trocava a minha vida por emprego nenhum. Não me interessa o que vão dizer, se me vão julgar ou comparar. 

Esta tem sido a minha missão de vida e a minha maior lição em todos os sentidos. Não perdi um único dia da vida dele, de o ver crescer, descobrir a essência de que é feito, e não saberia viver de outra forma, por enquanto. 

Onde há Amor de verdade, não falta mais nada!


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